terça-feira, outubro 21, 2008

Entre o abismo e o precipício

O quadro desenhado para o segundo turno das eleições municipais do Rio de Janeiro se alinha muito bem à ironia-chave deste blog. Qual a posição de cada candidato? De que partido são? De que partido foram? Eleitores, partidos políticos e candidatos derrotados se vêem diante de um paradoxo difícil de ser compreendido.
De um lado, representando a base governista, Eduardo Paes com suas inúmeras trocas de partido – PV, PSDB, PFL, PTB, PFL de novo, PSDB e PMDB – e mudanças de comportamento. Se um dia ataca Lula, no outro é só elogios. Claro, não pode deixar de ter o apoio do presidente, dada sua imensa popularidade.
Do outro, aliado ao PSDB e ao DEM (antigo PFL), o candidato do PV (e da classe artística), Fernando Gabeira. A imagem romântica de militante contra a ditadura militar e defensor da descriminalização das drogas se confunde com a de um político das elites, fianciado pelo neoliberal Armínio Fraga.
O primeiro, com trajetória política de centro-direita, é representante da centro-esquerda, enquanto o segundo fez exatamente o caminho inverso, saindo da centro-esquerda para representar a centro-direita. Resumo da ópera: o eleitor de esquerda não se sente confiante para votar em Paes; o eleitor de direita, da mesma forma, não fica à vontade para votar em Gabeira. O mesmo pode ser dito das correntes políticas que, entre o abismo e o precipício, esperam a ordem que vem de cima para seguir um caminho.Os personagens do segundo turno carioca não têm papel definido. Num ambiente tão pasteurizado, cabe aos eleitores a difícil tarefa de diferenciar o que parece ser seis do que parece ser meia dúzia para votar com confiança de que está fazendo a escolha certa.

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