sexta-feira, junho 12, 2009

Vários desastres em um

Um voo Rio-Paris. Um casal em lua-de-mel. Executivos em viagens de negócios. Uma jornalista indo a trabalho para a Coreia do Sul. Um tripulante que viera ao Brasil para o enterro de seu pai. Ao todo, 228 pessoas de 32 nacionalidades a bordo, 58 brasileiros. No trajeto, uma tempestade, uma pane elétrica, o Airbus desaparece no Oceano Atlântico de forma misteriosa. Em pleno ano da França no Brasil.

Elementos que mais se assemelham a um enredo digno das superproduções de Hollywood, ou da série televisiva Lost, aconteceram na vida real, na madrugada de 1° de julho. Um desastre de muitas hipóteses e, até agora, nenhuma explicação capaz de esclarecer suas causas.

Grandes acidentes, guerras ou catástrofes naturais têm o poder de se reduzirem a meras estatísticas, pelo número de vítimas, e a shows de coberturas jornalísticas, recheadas de vídeos, fotos, infográficos e especulações. É a velha máxima de que um acidente com alguns mortos, é uma tragédia; um com muitas mortes, estatística.

Porém, quanto mais próximo de nossa realidade acontece o acidente, mais envolvidos emocionalmente ficamos. É como se a guerra no Iraque e os conflitos na Palestina fossem menos dolorosos que a queda do avião. Fosse aqui a guerra, seria muito mais triste, pois veríamos todos os dias nos jornais fotos de parentes, vizinhos, amigos, amigos de amigos.

É quando o momento de tristeza ganha personagens e é como se vivêssemos em um filme, com personagens, histórias para contar, sonhos a realizar. Como no filme Titanic, que romanceia um grande acidente com a história de um casal apaixonado. O número de passageiros, o peso do navio, a temperatura da água, o tamanho do iceberg. Tudo cede espaço à empatia que sentimos com a morte e a separação dos personagens. O protagonista não era mais o acidente, mas as pessoas. No caso do Avião da Air France, o grande número de vítimas se divide em 226 tragédias, cada uma com uma história para contar. Já não nos bastam mais os infográficos. Os olhos já não podem ver números e dados técnicos para tentar explicar coisas que só o coração pode entender.

quinta-feira, maio 21, 2009

Sobre a subjetividade do tempo e a unidade de medida $

A noção de tempo é completamente subjetiva.
Ele foi inventado como unidade de medida para nossas tarefas. Acontece que hoje vivemos com duas unidades de medidas básicas: tempo e dinheiro. Como tempo é dinheiro, a unidade de medida é uma só: o cifrão $$.
Acabamos, assim, por monetizar todos os nossos valores.
Tudo que pensamos, convertemos para tempo ou dinheiro para avaliar o valor.
Mas são tantas as nossas preocupações, que não sobra tempo para ganhar dinheiro. Não sobra dinheiro para ganhar tempo.
Talvez a melhor coisa a se fazer seja simplesmente respirar.